Um dos traços definidores das sociedades ocidentais contemporâneas é o enorme aumento do movimento transnacional de pessoas para o interior de cada país. Neste aspecto, Portugal não constitui excepção. A diversidade de públicos que chega hoje às escolas é enorme e é cada vez mais evidente a incapacidade da instituição escolar para lidar com essa espantosa diversidade a invade.
Essa incapacidade aparece reforçada pela influência que na educação vem tendo o modelo de desenvolvimento económico neoliberal, forçando as escolas no sentido de privilegiar o individualismo, a competição, o mérito, a cultura do esforço, a selecção dos mais capazes, vivendo-se, assim, uma razoável contradição entre o princípio da igualdade de oportunidades e a realidade selectiva que vai deixando para trás milhares de crianças e jovens.
Enfrentando uma cultura escolar que choca violentamente com a sua cultura familiar, muitos alunos constroem rapidamente um forte sentido de aversão a uma escola que simplesmente não os compreende, para além de ensaiar medidas compensatórias que são em si mesmas ignorantes das complexas problemáticas que ocultam o seu insucesso e desinteresse.
Uma das hipóteses de trabalho para enfrentar esta situação culturalmente violenta e socialmente injusta consubstancia-se na figura do mediador socio-cultural. Daí a relevância do livro que se apresenta.